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Uma alma sensível que pensa demais.

Cisne Negro: quando a busca pela perfeição sufoca a alma

Assistir a Cisne Negro foi, para mim, uma experiência angustiante. Em vez de me emocionar ou me envolver, me senti sufocada, inquieta, aflita. Senti vergonha alheia em diversas cenas. E, com sinceridade, é um filme que não desejo rever.

Dados Técnicos

  • 🎥 Direção: Darren Aronofsky
  • ✍️ Roteiro: Mark Heyman, John McLaughlin e Andres Heinz
  • 📆 Ano: 2010
  • ⏱️ Duração: 1h48min
  • 🎞️ Gênero: Drama / Suspense Psicológico

Talvez eu não tenha o perfil para esse tipo de obra. Talvez algumas feridas internas tenham reagido à forma como o diretor conduziu a narrativa. Mas o fato é: esse filme me causou repulsa e inquietação — e ainda assim, aqui estou, escrevendo sobre ele, porque acredito que toda arte, mesmo a que incomoda, merece ser olhada com respeito e atenção.

A perfeição que mata

Nina, a protagonista, é uma jovem bailarina que vive para a dança. Mas sua vida está longe de ser bela como um espetáculo de balé. Ela vive aprisionada — no corpo, na mente, nas expectativas da mãe, na rigidez de um mundo que cobra a perfeição a qualquer custo.

E o que seria essa perfeição? O papel principal? A aprovação do diretor? O controle absoluto? Talvez nem ela soubesse. Mas ao buscar essa perfeição, Nina se desfez de si mesma. E, no fim, morreu sentindo — como ela mesma diz.

Mas será que vale a pena viver uma vida inteira sem sentir, apenas para experimentar um instante de glória?

Para mim, não.

Ambientes que moldam almas

A relação entre Nina e a mãe é sufocante. Parece que aquela mulher vive em função da filha — não por amor, mas por frustração. A mãe é uma ex-bailarina que projeta em Nina uma versão ideal de si mesma. E assim, sem perceber, rouba da filha a chance de ser quem é.

O quarto de Nina, com seus bichinhos de pelúcia e decoração infantil, mostra uma alma que parou de crescer emocionalmente. Ela dança como adulta, mas sente como uma criança. Não tem amigos, não se conhece, não vive.

Sexo, drogas e o vazio

Me incomodou profundamente o uso banal do sexo e das drogas no filme. Não compreendo por que os roteiristas sentem a necessidade de incluir essas cenas de forma tão explícita. Para mim, deveriam ser experiências tão íntimas, tão humanas, que mereciam ser retratadas com mais sensibilidade.

A ideia de que o prazer só nasce no excesso, na rebeldia, no álcool ou nas alucinações é um retrato distorcido da liberdade. Diversão, para mim, é leveza — não fuga.

Delírio, dualidade e destruição

Nina entra em colapso. Sua mente fragmenta. O filme brinca com a linha entre realidade e alucinação — e, para mim, isso foi sufocante. A câmera trêmula, os closes intensos, os reflexos que se movem sozinhos… tudo cria uma atmosfera claustrofóbica.

Mas há um ponto forte aí: a luta interna de Nina entre sua face “pura” e sua face “selvagem” é real. Ela tenta matar o lado que sente, que deseja, que se solta. E ao fazer isso, acaba ferindo a si mesma. Talvez o grande erro de Nina tenha sido tentar se dividir, quando na verdade somos feitos para ser inteiros.

E no fim…

Não gostei do filme — e isso é uma verdade que preciso sustentar. Mas ainda assim, ele me deixou com uma pergunta que carrego comigo:

Quantas vezes a gente se mutila tentando ser aquilo que esperam de nós?

Nina, para mim, não se libertou. Ela se destruiu. E o preço da perfeição, como o filme mostra com clareza, pode ser a própria vida.

Nota da autora: ⭐⭐ (2/5)

Visualmente marcante, tecnicamente preciso, mas emocionalmente exaustivo. Um filme que respeitei — mas não consegui amar.

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